Projeto Reflora planeja o plantio de 6 mil mudas em regiões degradadas pelas inundações de 2024, utilizando mesma técnica aplicada em Brumadinho (MG)
Em cerimônia realizada nesta sexta-feira (28), no Palácio Piratini, em Porto Alegre, a CMPC e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul lançaram oficialmente o Projeto Reflora. A iniciativa, que será desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), tem por objetivo realizar o resgate do DNA de árvores em risco ou que sofreram danos severos devido às enchentes que assolaram o RS em 2024, e fazer o replantio no mesmo local com clones genéticos do indivíduo principal. Ao todo, serão investidos mais de R$ 7,5 milhões na iniciativa.
O Projeto Reflora tem duração prevista de 3 anos, com início programado para junho de 2025. A projeção é que ao longo do período sejam plantadas 6 mil mudas de 30 espécies nativas em regiões severamente atingidas pelos efeitos das enchentes ocorridas em solo gaúcho. As primeiras cidades em que o processo será realizado são: Guaíba, Barra do Ribeiro, Tapes, Rio Pardo, Butiá, Eldorado do Sul e Santa Maria.
O processo que será aplicado no RS é exatamente o mesmo que foi desenvolvido para o reflorestamento de Brumadinho (MG) após o rompimento de uma barragem, ocorrido em 2019. A ação inicia com a identificação de árvores com danos na base do tronco e a coleta de DNA em campo com o resgate de propágulos, ou seja, partes de organismos que possam originar o processo de reflorestamento.
Na etapa seguinte, o material é armazenado, plantado em um pomar indoor e submetido ao processo de enxertia, que nada mais é do que a conexão de duas plantas diferentes para que cresçam de forma única. Na sequência, é realizado o plantio em campo e o posterior florescimento, que graças a adoção da técnica ocorre entre 6 meses e um ano. Como resultado, são geradas sementes com alta variabilidade genética e prontas para o plantio nos locais onde ficavam as antigas árvores.
“Essa é uma iniciativa fundamental e uma oportunidade para reflorestarmos de forma mais rápida e efetiva as regiões atingidas no ano passado. O projeto também dá a oportunidade de implementarmos melhorias em nosso processo produtivo e genético aplicado nos hortos florestais da companhia para diversificação de espécies nativas e já adaptadas com as condições de cada região”, afirma Antonio Lacerda, diretor-geral de Celulose da CMPC no Brasil. “Essa é uma iniciativa que foi desenvolvida na reconstrução de uma região de mata nativa que foi totalmente devastada e obteve enorme sucesso. Por isso, entendemos que ao replicar aqui no Rio Grande do Sul, utilizando as vantagens do nosso solo, traremos um ganho importante para a biodiversidade e restauração dos ecossistemas gaúchos”, completa.
Expertise em recuperação de biomas
A CMPC já é referência em regeneração de áreas degradadas, sendo uma das primeiras empresas que realizou, em larga escala, a clonagem de espécies nativas no Rio Grande do Sul. A empresa administra mais de 200 mil hectares de vegetação nativa no estado, onde quase metade precisa de intervenção para a melhoria de suas condições ambientais.
Para restaurar áreas degradadas e regenerar biomas, a companhia realiza a colheita de mudas nativas nascidas nos sub-bosques das suas áreas de plantios produtivos de eucalipto. Após um período de manejo, as mudas e espécies adaptadas às condições locais são reinseridas nas localidades a serem restauradas. Todo este processo se baseia no potencial de autoregeneração da natureza. Quando retiradas do meio ambiente, as mudas são catalogadas e tratadas até estarem prontas para o plantio. Essa atividade ocorre no município de Barra do Ribeiro, onde está localizado o viveiro da CMPC. Esse processo garante a qualidade das florestas nativas e produtivas da empresa. Atualmente, cerca de 80% do total de mudas plantadas pela CMPC em regiões a serem restauradas são fruto desta ação.